Em 1850, foi proibido o
tráfico internacional de escravos (da África para o Brasil), restou o tráfico
interprovincial (aquele que levava escravos das regiões que perdiam a sua
vantagem econômica (o atual Nordeste, para as novas regiões mais dinâmicas
economicamente (São Paulo).
O ronco do maribondo ou da
abelha, foi uma revolta à tentativa do governo imperial de realizar um censo
populacional e fazer o registro de nascimento e óbito: essas funções eram
realizadas pela Igreja Católica. As pessoas passavam a existir quando eram
batizadas pela Igreja, que também atestava a sua morte. Através do decreto 797
e 798 de 18/07/1851 essas funções seriam assumidas pelo governo, isto é, sairia
da esfera religiosa para a civil.
A população negra livre e
pobre (que se dedicava a atividades de subsistência, trocas ou pequeno comércio),
ao saber do decreto, temeu que o governo pretendesse escravizar negros e
mestiços livres. Eles percebiam que a sua liberdade era precária, pois
"pessoas negras eram frequentemente sequestradas, principalmente crianças,
eram vendidas a traficantes que as exportavam para o sul [São Paulo], e por lá
elas se perdiam para sempre de suas famílias"[1], além disso negros livres
deviam andar com sua carta de alforria para provar que eram livres ou poderiam
ser acusados de ser escravos fujões.
Em Pernambuco, o centro da
revolta eram as paróquias de Pau d’Alho e Nazaré, onde surgiram os boatos da
insurreição escrava que levaram à prisão de Rufino. Durante o Ronco do
Maribondo, as autoridades tiveram de correr perseguidas por uma multidão de 600
a 700 pessoas, de acordo com o presidente da província de Pernambuco.
Para acabar com o
movimento foi necessário usar mais do que a força, como não havia ainda rádio,
nem televisão, um grande grupo formado por padres e missionários foi
usado para convencer a “gente de cor” de que a notícia da escravização de
negros e mestiços livres era falsa.
[1]
: REIS. João José. GOMES. Flávio dos
Santos.CARVALHO.Marcus J.M. de. O Alufá Rufino:Tráfico, Escravidão e Liberdade
no Atlântico Negro (1822-1853).São Paulo:Companhia das Letras.2010,p.321.
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