segunda-feira, 12 de março de 2018

O RONCO DO MARIBONDO(1852)


Em 1850, foi proibido o tráfico internacional de escravos (da África para o Brasil), restou o tráfico interprovincial (aquele que levava escravos das regiões que perdiam a sua vantagem econômica (o atual Nordeste, para as novas regiões mais dinâmicas economicamente (São Paulo).
O ronco do maribondo ou da abelha, foi uma revolta à tentativa do governo imperial de realizar um censo populacional e fazer o registro de nascimento e óbito: essas funções eram realizadas pela Igreja Católica. As pessoas passavam a existir quando eram batizadas pela Igreja, que também atestava a sua morte. Através do decreto 797 e 798 de 18/07/1851 essas funções seriam assumidas pelo governo, isto é, sairia da esfera religiosa para a civil.
A população negra livre e pobre (que se dedicava a atividades de subsistência, trocas ou pequeno comércio), ao saber do decreto, temeu que o governo pretendesse escravizar negros e mestiços livres. Eles percebiam que a sua liberdade era precária, pois "pessoas negras eram frequentemente sequestradas, principalmente crianças, eram vendidas a traficantes que as exportavam para o sul [São Paulo], e por lá elas se perdiam para sempre de suas famílias"[1], além disso negros livres deviam andar com sua carta de alforria para provar que eram livres ou poderiam ser acusados de ser escravos fujões.
Em Pernambuco, o centro da revolta eram as paróquias de Pau d’Alho e Nazaré, onde surgiram os boatos da insurreição escrava que levaram à prisão de Rufino. Durante o Ronco do Maribondo, as autoridades tiveram de correr perseguidas por uma multidão de 600 a 700 pessoas, de acordo com o presidente da província de Pernambuco.
Para acabar com o movimento foi necessário usar mais do que a força, como não havia ainda rádio, nem televisão, um  grande  grupo formado por padres e missionários foi usado para convencer a “gente de cor” de que a notícia da escravização de negros e mestiços livres era falsa.


[1] : REIS. João José. GOMES. Flávio dos Santos.CARVALHO.Marcus J.M. de. O Alufá Rufino:Tráfico, Escravidão e Liberdade no Atlântico Negro (1822-1853).São Paulo:Companhia das Letras.2010,p.321.




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