DOCUMENTO 2
No Diário de [Pernambuco] de hoje [25 de
setembro de 1853] se lê um ofício do presidente remetendo ao nosso diocesano o
auto de perguntas feito pela polícia ao preto de que lhe falei na semana
passada, para que S. Ex. Revmo. dê seu parecer sobre a parte religiosa. (...) o
preto Rufino está na órbita da Constituição, que prescreve a tolerância
religiosa. E o que é verdade é que ele tem lá o seu culto, em sua casa
particular, sem forma exterior de templo.
O ALUFÁ
Alguns atos de de insubordinação
praticados pelos escravos de dois engenhos, e os boatos aterradores que se
espalharam a tal respeito por toda parte, puseram em grande atividade a polícia
desta capital [Recife], no dia 3 de setembro, véspera de um Domingo, em que se
dizia ter lugar uma insurreição.
Por causa desses boatos foram varejadas
nesta cidade mais de cinquenta casas de negros da Costa livres. Em todas elas a
polícia nada mais observou do que uma perfeita tranquilidade, a demonstração do
gênio tranquilo dos seus habitadores, e alguns ídolos insignificantes, exemplo
das superstições africanas. Em casa, porém, do preto Rufino José Maria, o
achado de alguns livros e papéis, escritos em caracteres desconhecidos, motivou
a sua prisão.
Fonte: REIS.João José.GOMES. Flávio dos
Santos.CARVALHO.Marcus J.M. de. O Alufá Rufino:Tráfico, Escravidão e Liberdade
no Atlântico Negro (1822-1853).São Paulo:Companhia das Letras.2010
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