quinta-feira, 8 de março de 2018

O ALUFÁ RUFINO: MOVIMENTOS SOCIAIS NO SÉCULO XIX


DOCUMENTO 2
No Diário de [Pernambuco] de hoje [25 de setembro de 1853] se lê um ofício do presidente remetendo ao nosso diocesano o auto de perguntas feito pela polícia ao preto de que lhe falei na semana passada, para que S. Ex. Revmo. dê seu parecer sobre a parte religiosa. (...) o preto Rufino está na órbita da Constituição, que prescreve a tolerância religiosa. E o que é verdade é que ele tem lá o seu culto, em sua casa particular, sem forma exterior de templo.

O ALUFÁ

Alguns atos de de insubordinação praticados pelos escravos de dois engenhos, e os boatos aterradores que se espalharam a tal respeito por toda parte, puseram em grande atividade a polícia desta capital [Recife], no dia 3 de setembro, véspera de um Domingo, em que se dizia ter lugar uma insurreição.
Por causa desses boatos foram varejadas nesta cidade mais de cinquenta casas de negros da Costa livres. Em todas elas a polícia nada mais observou do que uma perfeita tranquilidade, a demonstração do gênio tranquilo dos seus habitadores, e alguns ídolos insignificantes, exemplo das superstições africanas. Em casa, porém, do preto Rufino José Maria, o achado de alguns livros e papéis, escritos em caracteres desconhecidos, motivou a sua prisão.
Fonte: REIS.João José.GOMES. Flávio dos Santos.CARVALHO.Marcus J.M. de. O Alufá Rufino:Tráfico, Escravidão e Liberdade no Atlântico Negro (1822-1853).São Paulo:Companhia das Letras.2010


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