A Fundação do Recife (Recife dos Navios)

A Fundação do Recife (Recife dos Navios)

Esse período da história do Recife é exatamente, convém notar, o que vai de 1535 a 1630, ou seja, da fundação da capitania  por Duarte Coelho até a invasão dos holandeses. O nome do Recife, conforme registram os nossos principais historiadores, apareceu, pela primeira vez, no Foral da Câmara de Olinda, outorgado, a 12 de março de 1537, pelo donatário Duarte Coelho que o chamou : Recife dos Navios.

                Situado, aproximadamente, a uma légua da capital da Nova Lusitânia, ficou sendo o seu porto. E, como era natural, com o desenvolvimento do comércio de pau-brasil e açúcar, principalmente, “povo do Recife”. Começou a progredir, sendo habitado pelos marítimos, pescadores e alguns soldados. Gente profundamente católica, como os lusitanos, era-lhes preciso uma igreja para alimentar a sua fé em Deus. Assim, foi levantada a capelinha que tomou o nome de São Frei Pedro Gonçalves. A essa igrejinha, os mareantes deram o nome “Santelmo”, santo que eles invocaram, quando, nos temporais, segundo os próprios marítimos, o fogo elétrico em chamas azuladas lhes aparecia nos mastros dos navios. A igrejinha de São Frei Pedro Gonçalves, o “Santelmo” dos marítimos e pescadores, os primeiros a habitar a “povoação do Recife”, foi erigida no começo da segunda metade do século 16 , segundo o testemunho do historiador Gabriel Soares, já existia em 1587. A matriz do Corpo Santo que aparece acima foi construída no lugar da antiga ermida de Santelmo. Contudo, essa igreja foi demolida.

               
                As cidades de fundação romana, notadamente espanholas, portuguesas, nascem ungidas pela fé católica, portanto, crescem em volta das igrejas. É o caso do nosso Recife, que, segundo minha opinião, foi-se desenvolvendo em volta da capelinha de “Santelmo” e que, passou mais tarde, em 1800, quando foi demolida, a ser a famosa Matriz do Corpo Santo, uma das mais belas e ricas igrejas do norte do Brasil. Infelizmente, quando se fez o planejamento arquitetônico da atual Avenida Marquês de Olinda, em 1913, foi a majestosa igreja,  em volta da qual nasceu a cidade do Recife, demolida num gesto negligente, irrefletido e, por conseqüência, impatriótico.
                   Origem do texto

                Autor : VIANA, Hermógenes.
                Título : A Fundação do Recife
                Local da edição : Recife
                Editora : Imprensa industrial
                Ano da edição : 1959
                Páginas : 5 – 6
                Acervo : Biblioteca Pública Estadual de Pernambuco ( Coleção Pernambucana )


Vocabulário



Outorgado : concedido, doado.
Donatário : aquele que recebeu uma capitania
Uma légua: 6.600 metros
Negligente : desleixado, descuidado.
Irrefletido : impensado

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